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Meta À Frente
02:02
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Nada De Novo
03:05
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Já tens a cabeça cheia, agora pensa em ir embora
leva a droga que resta, hoje consomes lá fora
despede-te caso não vivas sozinho
mas agora é hipócrita, desapareces dias seguidos
e nunca houve uma experiência nova como esta,
só te vejo na rua às voltas quando há som de festa
hoje o caminho é em frente e ouves uma conversa
com uma nova conspiração que pode ser que te convença
porque há sempre uma parte de nós que não vai tar contente
e é quando parece que tá tudo bem que queres desconfianr de toda a gente
já desde a idade que só tens o que te metem á frente,
vês o mundo a ser feito por tentativa e erro
agora és tu, pronto a começar onde isto acaba
quem te tapa os olhos diz que ainda não viste nada
não confies na experiência enquanto fala
mais vale arriscar que dar ouvidos a um trauma
Já senti que não há nada de novo,
nunca mais vai haver
e que na verdade nunca houve
Nunca mais é muito tempo
Mas eu acho que não há mais novidades do que aquelas que fazemos
Já senti que não há nada de novo,
nunca mais vai haver
e que na verdade nunca houve
Nunca mais é muito tempo
Mas eu acho que não há mais novidades enquanto não for exemplo
Mesmo que dê para viajar
abre a mala e diz que é que trazes
o que é que fazes? se tás no teu quarto para onde quer que vás
Voltaste e foste sempre com a mesma bagagem
com a mente vazia o mundo é feito à nossa imagem
e à nossa vontade. nunca vais saber lidar
se já tens tanta dificuldade só a reflectir um bocado
não vale a pena pensares que tens uma cara metade,
enquando elas estão a mudar, o tempo está a contar
da tua conta não te safas, mesmo que mudes o chão que gastas
levas a sombra que se adapta a uma explicação que não seja tão clara
e na próxima situação vês que largas logo os vícios mais pesados que o teu lado negro agarra
só me resta concluir: nunca fui bom fugitivo
tenho consciência do que digo e mesmo assim ainda estou por aqui
a servir de isco literalmente preso por um fio
podia ir mais longe mais isso não sou em quem decide
Já senti que não há nada de novo,
nunca mais vai haver
e que na verdade nunca houve
Nunca mais é muito tempo
Mas eu acho que não há mais novidades do que aquelas que fazemos
Já senti que não há nada de novo,
nunca mais vai haver
e que na verdade nunca houve
Nunca mais é muito tempo
Mas eu acho que não há mais novidades enquanto só fumo e bebo
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3. |
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Bora...
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, a realidade é nossa
Corro e canso-me para aliviar a força
São 6h08 , faço um set de beats
Nenhum sai moderno, o tempo pousa aqui
Queimo o cérebro
Para que é que o quero, se isto soa assim?
Então fumo, fumo, fumo, fumo e fumo
Subwoofer suga tudo, e o teu suga não curte
Não quero saber se são muitos, quero fazer charutos
Madrugada fora, e só cá dentro surge
Não te posso deixar entrar puto! Eu também sou um puto
Bafo, não sei o que faço, mas faço e estou seguro
Em caso de dúvida consulta a pedra, é persistente
Quando o efeito dura não é uma questão de tempo
Aqui não há nenhum futuro...
Exagero na Traqueia metido num buraco fundo
(claro que só rimo e faço fumo)
Levanta-te, para esse sono tens a manhã já pronta
Baza fazer ganzas e som a madrugada toda
Bora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Dread sei que a realidade é que cheira a qualidade
Erva é marroquina, rima, rap deixa a suavidade
Em cada charro cuspo ao que a chama sabe
Justo, um gajo sujo é natural teres encontrado
Musgo, bafo e sinto. Parei no tempo por ser sempre 4h20
Penso, passo e pinto mais um quatro, arte sai de instinto
parto, és extinto, parvo, fui claro
azar o teu se és educado e topado, vim colado
"Duarte!"
sim Colaço vim colado, reconheço
Mas por mais merda que diga eles nunca sabem o que penso
Dessas espigas eu dispenso mano, já houve brasa
E eu não me esqueço quando, a brasa agora é outra
Já não estou nesse plano , doses caninas de hip hop nas linhas
Mando o props e os teus dotes laminas
São cortes nas rimas, logo dicas lógicas não são só de sativas
Penso tanto nas barras que saiem logo batidas
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
Ganzas e som, madrugada fora
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4. |
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Letra:
Não pode ser muito tarde
A minha partida deixa um rasto em quem nasce agora
Assume lá a igualdade, eu sou o gajo determinado
No primeiro passo da fuga da regra
A cabeça não pode estar aqui, a lua não espera por mim, está pálida
Dá-lhe uma quebra e o mar sobe
"Ouves? Na serra? Lobos? Vickings?? Até hoje estive morto!"
Tu tem calma, fazemos parte da humanidade do começo
Que sabe manter a cabeça fria quando a terra está a aquecer
Os teus avós têm uma terra? Gostam de te ver a comer
Trocámos isso por papel de otários
Movimento OKUPA COM HORÁRIOS DE INFIÉL A DAR A DESCULPA
Mas aquilo que é o princípio de um gajo real continua sempre a ser aquilo que é
O princípio de um gajo real continua sem parecer aquilo que é
o princípio de um gajo real continua
E se é para ser aquilo que é ,em princípio um gajo real continua sempre assim
E isto pode ser o fim de um gajo real
Quando houver uma máquina que consiga aproveitar
A energia que poupas enquanto 'tás a dormir
O teu trabalho por gosto vai diminuir
Quantos ficavam cá? Não sei...
Fica à vontade se ela for a tua chave
Sente-se quando mentes e eu sinto quando sabes que sabemos o momento exacto...
é por isso que mentes mais?
E se calhar resulta...
Confundem-me com o lado da inveja e da censura, desculpem
Também há coisas que eu digo que um dia espero que mudem
Mas lutar contra mim é apalpar uma nuvem
Como humano estendo o braço para baixo com uma postura neutra
É a única exigência para me manifestar com os mais reais...
E como já disse, nem sequer estou dentro
Se me perguntares quem são eu não os conheço
Espalhados por um país pequeno e muito denso
Eles cuidam de mim, eu cuido deles
Doentes com um coração pontente, no fim a saúde vence
Mas há quem diga que ainda não rebentámos
Querem que eu diga mesmo? eu acho que é verdade
mas na verdade o que vos afasta da malta continuará sempre a ser aquilo que é o princípio de um gajo real
Continua sem parecer aquilo que é, o princípio de um gajo real continua.
E se é para ser aquilo que é em princípio um gajo real continua sempre assim
Podem contar com ele.
entrevista a Fausto Bordalo
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5. |
AVÓzinha
04:16
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Oh avozinha
Porque é que passas o natal sozinha se tens uma quinta enorme?
O que é que fizeste à tua família?
O que é que fizeste à tua família? é que eu não os vejo aqui
Quando deviam estar, eu aceitei o convite:
Eram 21h45 (vinte e um e quarenta e cinco)
O jantar foi bacano , mas já estava livre, ya eles são assim
consideram-me um puto fixe, mas bazo e nunca ficam tristes
Esta noite é especial, bazei com guito
Fiz a consoada na rua e não me cansei da trip
Por milagre estava uma rolote aberta, num spot de Alverca
Vi g'anda milf a despedir-se de outra para aí 49 anos mais velha
A nova entrou no carro de um gajo a abarrotar de presentes
e eu comecei a gritar: "foda-se, isto é macabro
porque é que não entras e vais com ela, se é tua filha?"
ela respondeu: "Não pá, é só minha amiga
Os meus filhos emigraram e o meu marido fugiu com uma zuca
E tu, rapaz... O que é que procuras?
Oh avozinha
Porque é que passas o natal sozinha se tens uma quinta enorme?
O que é que fizeste à tua família? x2
Jogámos dominó os dois, combina com o alcool e pombos
sou só eu a fumar disto
ela cospe os pulmoes com marlboro suiço
e mora já ali sou convidado para entrar e sair
só amanha de manha independentemente se formos ou nao dormir
E é claro que eu desconfio !
ainda por cima ela foi parteira no hospital onde eu nasci
em 1995
Sinto que pode ser esse o motivo de tanta aproximação (mas nao)
"Já disseste mas diz outra vez: ONDE É QUE OS MEMBROS DA FAMÍLIA ESTÃO?"
Vejo as fotos e estão felizes, filhos e netos parecidos comigo
indícios de mimo, e sempre que fala disso ela sorri
Como nunca vi uma velha sorrir
Estiqueilhe a pele da cara e disse: "ainda há uma miuda em ti"
Ela agradeceu , mas pediu-me um segredo, disse-me que era um convívio ('a sério??',)
ya
mas como é uma cota fixe
Acabei a noite nas nuvens e ofereci a nota de vinte
como prenda de natal....
O meu natal foi assim. Foi frito né? É culpa do vosso abandono.
Oh avozinha
Porque é que passas o natal sozinha se tens uma quinta enorme?
O que é que fizeste à tua família? x2
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6. |
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Uno:
Devia nascer mais cedo para falar dos velhos tempos
Somos putos sem futuro, no fundo o que é que temos?
E o que é que 'tás a fazer agora só por um breve momento?
Se não fazes nada o resto das horas se calhar é isso que deves ser
Esta geração não pensa mas é a minha
a informação é grátis, o amor leva um dia
Mas sem pressão, na primeira impressão que dás
À procura de um trabalho que não é o que fazes
O quanto dura, já tu sabes. Deixa a culpa para os fracos
Ou assume que também és e fala à tua vontade
A guita joga às escondidas, quero ir para a rua contar:
1,2,3 eu salvo todos antes da polícia vos apanhar
O que é que se passa na minha zona que é de ricos?
Os manos estão em casa a planear banhadas que ouvem no rap street
Cala-te , tu andavas de skate com o Pilha e comigo
Decide com calma, este bairro não está nesse videoclip
Pilha e Uno:
Quanto queres pelo que vives já que é tão aborrecido?
Aqui basta pedires, tens na mão o teu destino
Sem motivo para fugir a vida corre bem
Mas isso não te fez feliz
Meraky:
Vê o que estás a pisar
Se não tu vais escorregar
Não te enterres em falácias
Terra é sempre preferível a dependeres de farmácias
Desgraças chegam sempre
São promessas que o tempo cumpre
Já ando a procurar um lugar para me deitar quando isto acabar
Uno:
Ya...
Ver de fora vai ser mais fácil, basta um ano longe
Para me dar vontade de voltar e dizer que amo toda a gente
Desde o começo, tu também sentes?
Aqui é "de onde é que eu te conheço para me estares a olhar assim?"
A revolta vale por si...
Enquanto estás em baixo há quem ande às voltas por cima
Logo conheces os inimigos, mas só de vista
Se é que existem
Vou contigo conhecê-los.
Quando fui era só eu
Sem admitir que tinha medos
Tudo depende do que eu quero pelo que vivo para ser menos aborrecido
Um apontamento e foge da mão o teu destino
Não há tempo para ter contacto a não ser com quem tu pisas
Meraky:
E agora o que vais fazer?
Quando começas a perceber é tudo um jogo de sombras. Quem amas é quem assombras.
Já ando a procurar um lugar para me deitar quando isto acabar
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7. |
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Uno:
Estava naqueles dias em que me apetecia sofrer mas estava tudo bem
Nem sequer conseguir deixar uma letra a meio
Fiquei em casa à noite e fiz o que fiz de dia
Estavas na rua e liguei-te: "meu mano, tens visto a Rita?"
"Ya mano, estava com outro mano, segue a tua vida"
Antes punha-me fodido, mas hoje isto inspira-me ainda mais
Sem ser trágico, penso nela com outro gajo
A aprender com os erros e eu sou esse passado, e ainda hei de o ser
Adoro abismos, nada a ver com suicídio
Imagino o último dia, será o primeiro que vivo
Nunca extrai nada dos livros, só conteúdo emotivo
Digo: Meus putos alternativos, revolução não será comigo
Estou caladinho num cantinho quente
Penso "Serra acima" depois do João me servir aguardente
"Aborta a missão, hoje a família não vai ter de se mexer
Há comida e há matéria, tudo o resto é a ambição de sempre
Um dia vou deixar de procurar constantemente o que não sei o que é
Se não der vai ser segredo
Mais um velho lamechas que tem de se conter e aceitar
Determinadas regras para continuar
Quero pensar que ainda estou novo
Deixei de acreditar em pares aos 22
Faço contas malucas, sem guita para disfarçar a loucura
Sou uma estrela. Obedeço aos anos luz antes de me verem.
Meraky:
A que frequência vibras tu?
Gira-te desse mundo se não é fecundo para ti
Somos oriundos do início e do fim
Constantes contradições que se completam, enfim
Vagueio no meio
Não tenho receio de cair
Se tudo o que tenho
E se não me amanho
Serei mais uma ovelha no rebanho
Uno:
Os poucos movimentos no liceu Camões deixaram-me a cara marcada
Hoje volto lá e distribuo fumo à balda
Porque já não é só lata. Perdi o medo todo
Ou seja, consigo admitir quando me encolho
São leis, uma é minha causa
Nunca deixar que uma opinião esteja isolada
Se fores emigrar lembra-te da tua língua
Manda a carta de despedida, passa a fronteira onde a saudade finda
A revolta está avançada
O mundo rebola, está a dançar ou é um bowling sem garrafas?
Não há dedos para apontar. Quando houveram nem estavas na barriga da mãe
Acho que não fazias falta
Então muito menos agora serei o porta-voz da malta
Andam pouco amorosos a pôr os dedos no nada
A escrever para matar e não sabem quem
Se o que faço vai bater é sem magoar ninguém
Meraky:
A que frequência vibras tu?
Gira-te desse mundo se não é fecundo para ti
Somos oriundos do início e do fim
Constantes contradições que se completam, enfim
Vagueio no meio
Não tenho receio de cair
Se tudo o que tenho
E se não me amanho
Serei mais uma ovelha no rebanho
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8. |
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Cevas:
Do elíxir mais saboroso, vi-te a pedir,ficaste curioso,
de boca estreita ansioso, vi-te a seguir o estado furioso,
deste osso apetitoso, a surgir mais convincente,
vais beber do suculento e talvez te deixe menos violento.
Todos atentos ao vistoso, produto supra-apetecido,
concerteza o preço por aqui ficou esquecido,
aliás o facto disto poder nutrir na sua leveza,
o néctar dos poetas não são gelados da Teresa.
Por outro lado este é gostoso, agarra clientela,
o conteúdo é bem viscoso mas a superfície bela,
magnífica receita ao distinguir o sabor divino,
enquanto trincavam as maçãs de adão, prefiro sal e pepino.
Incrível monstruoso, com poder de estimulação,
difícil o que ouso, nesta simulação,
cultivo a poção, cativo à noção,
furtivo neste chão, guardada na mão.
Cantarolava de fones nos ouvidos,
e assim me encontrava até em campos desconhecidos...
campos minados proibidos...
H:
Vai com ele e vai na mão
Passa e bate a pulsação
Dás por ti a trolitar
O "doop doop" de uma canção (4x)
Uno:
Hoje levantei-me e o PC voou (não importa)
Com o "bip bip" de um carro dá para fazeres sons que dão a volta à cabeça toda
Tens companhia até cair, as pessoas são o teu suporte
Tipo uma prancha, resta saber se é de skate ou snowboard
Não queiras que a queda cole
O mundo na roda e tu numa cadeira de pernas moles em caminhadas de meia hora
A trolitar: "Eu gosto tanto da natureza lálálá"
Mas quando aparece um bicho mais feio corres bem depressa (já já já)
Jah não visitou Lisboa puto, se for para isso deixa-me que eu te iluda
Não fales mal do Consultório depois de teres recebido ajuda
Ponham-se todos às minhas cavalitas
Este diabinho e este anjinho precisam
De sentir peso em cima, antes que eu decida
Fazer uma estupidez
Ao som deste rádio que me deu banda sonora de acidentes
Erros no caminho e atrasos que foram para sempre
H:
Vai com ele e vai na mão
Passa e bate a pulsação
Dás por ti a trolitar
O "doop doop" de uma canção (4x)
Santareno:
Dás por ele?
Dou comigo a trolitar e a entrar nesta canção
Melhor néctar do que rimar e expressar a opinião
Vou com ele mas não na mão
Em todo o corpo concentro
Exacto na convicção de que chegou o momento
Expandir os horizontes, embora em sentido figurativo
Quase não saio destes montes mas não me sinto cativo
Encontro-me vivo, mais resolvido
Disciplina tornou-se imperativo, para o construído ficar concluído
E no bater desta pulsação acelarada
Afasto-me da competição do néctar mais bem feito
Antes néctar normal mas como ele mais nenhum
Do que néctar especial mas igual a qualquer um
E chega o "tuk tuk" no cérebro gravado
O tratear de uma harmonia que apetece
O vaguear com um néctar agarrado
Mas a saber que se não o trato
A poesia desaparece...
H:
Vai com ele e vai na mão
Passa e bate a pulsação
Dás por ti a trolitar
O "doop doop" de uma canção (4x)
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9. |
Tens Medo Do Quê?
03:39
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Nascemos cansados, fracos e cada vez mais
A correr atrás do que nos quer apanhar
Se caio desta altitude vejo o mundo a aproximar sem zoom
Pelo menos percorro num segundo o que não deu por minuto
Já não vale a pena pensar no mês
Ser feliz, ser orientado, quem sabe, tu mesmo
Acho que chego a temer porque sei que devo muito a muita gente
Normalidade, deixar de ver tudo tão intenso
Porque nada é, está tudo indiferente
se deres a conhecer o teu trabalho mesmo quando não vês talento em ti
Já serve para perceberes o valor que dão realmente áquilo que és
Quando percebes que não te apetece esconder
Podias guardar para o último momento:
Conter a raiva, ninguém a vê... Estás perdoado
Faz o que tens a fazer
Podes escrever até no silêncio
Quando já não dá para conter o que é que fazes com o teu medo?
Tens medo do quê?
Hoje faz-te acordar cedo, ontem fez-te deitar tarde
porque tens de estar sempre atento
Pode chegar o teu pesadelo
E o peso dele no teu inconsciente faz-te ter mais medo
e eu?
Tenho medo do quê?
Hoje faz-me acordar cedo, ontem fez-me deitar tarde
Porque tenho de estar sempre atento
Pode chegar o meu pesadelo
Pensei que tinha ultrapassado e isso faz-me ter mais medo
Não ando pela minha zona, isso eu já conheço
Amanhã posso não estar e não é por morrer
É que o meu plano neste mundo redondo está dependente
De quem o quiser mudar no feitio ou no aspecto
E o meu rap nunca vai deixar de soar a uma procura
De emoções, pessoas, diversão ou cultura
Penso em mim e é uma luta
Por isso rimei muito sozinho antes de ir p'á rua
Se calhar foi medo, nunca vou saber
Mas rimo com quem me orgulha
Até à morte ou nunca
Respiro a nossa música
E admito que tenho algum medo
Que algum talento fodido baze por algum preço
Já vi muitas vezes
Há quem diga "isso não interessa, pensa em ti!"
Mas como é que eu imagino se à volta só há vazio?
Será sempre do mais fraco que eu vou ter mais medo
Não te desafia mas sabe que com ele vais perder tempo
então
Tens medo do quê?
Hoje faz-te acordar cedo, ontem fez-te deitar tarde
porque tens de estar sempre atento
Pode chegar o teu pesadelo
E o peso dele no teu inconsciente faz-te ter mais medo
e eu?
Tenho medo do quê?
Hoje faz-me acordar cedo, ontem fez-me deitar tarde
Porque tenho de estar sempre atento
Pode chegar o meu pesadelo
Pensei que tinha ultrapassado e isso faz-me ter mais medo
Tens medo do quê?
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10. |
Subir
02:32
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De volta à caixa, à qual chamo casa
Estou quase a perder tudo, não posso ter orgulho de nada
Veio-me uma luz em faixa
Lá estou eu com as metáforas
O improviso está fraco, tenho de dar o toque ao TK
Ya, já tenho essa parte curada
Agora falta tudo o que seja arte planeada
Se sabes onde eu estou porque é que não apareces?
Pego no carro e procuro-te todo cego a andar aos "s's"
Relaciono
Cago nisso, ligo ao Pilha, ao JP e ao Benny e faço este
Os mais próximos do meu nascimento
A raíz anda por aí, ele dá-me um beat
Escrevo mil rascunhos que nem servem para algo tão bonito
Está-me a faltar confiança, um pouco de egotrip justificado
Falo com o Rott e já está resolvido
Animado, bebo mais uma e vou subir
De algum modo a despedir-me tipo que vou para um paraíso...
Estou a mentir.
Mas agora o que é que faço
Como filho único de um deus que nem dá para acreditares
Sou um pseudo-tudo-o-que-represente
Sou quem precisa de um milagre
Cada vez descanso menos por já saber estar isolado
É doentio ver-me de fora num processo destrutivo
Vejo-te a beber para esquecer e eu sem beber porque me esqueci até disso
Até não saber porquê a fé diz que ela própria é uma voz que eu imagino
Num momento
Quando estou mais fodido
Quando até acredito não num deus
Mas que pelo menos não vou acabar aqui
Quando 'tou feliz agradeço, tipo que é suficiente
Escrever para um som intenso, eu sei que é um bocado infantil
Mas sou eu, amuo e não cresço
E até estou fixe se só contar com o futuro e o presente
Pensei que fosse necessário bazar dali
Agora não vejo um destino, porque essa paz está em mim
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11. |
Ferro
02:22
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Ando a pisar muitos seres vivos a ferro com um pé
Quem me apoia põe-me a trabalhar só para ganhar vergonha do trabalho que fiz na noite de ontem
Perdi o motivo da revolução
Consigo disfarçar porque nasci resmungão
A vida é assim, avisaram-me de que era uma fase
Mas sempre pensei que se soubesse podia controlar
Enquanto tu falas sobre um tema do caralho
Notas que estou especado sem debater ou concordar
Pode ser mesmo porque não percebo
Ou porque pensei muitas vezes
Desde a última não houveram novidades
O progresso é lento e eu estou-me a divertir
O mundo é pequeno demais para vê-lo evoluído
Agora existe! Revolta-te ou fica só fodido
Morre feliz agora e deixa a vida para o fim
O homem não é de ferro mas às vezes parece com os danos que consegue causar só com os sentidos
Então passo a passo, torna-se mais grave
A pesquisa torna-te culpado à medida que sabes
"Não é fácil viver entre os insanos
Erra, quem presumir que sabe tudo
Se o atalho não soube dos seus danos"
E eu nunca soube de nada (eu nunca soube)
Nunca me contaram, e eu também não oiço os conselhos de boca em boca
Mas reconheço-os todos
A fé continua, a reza acabou
Sou uma cabeça dura numa nuvem quase a mandar chuva
Quantos danos consigo causar?
Agora ou ando ou só pisado
Agora eu só ajudo toda a gente que fica em baixo quando eu bato fundo
Nestas amizades nunca dá para dizer tudo.
"O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo em mar de enganos
Ser louco cos demais, que ser sisudo."
(voz de Mário Viegas, soneto de Gregório de Matos)
Uma ode ao Ferrinhos da Covilhã. Com muito amor e respeito.
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12. |
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Falavam mal da noite ou mal de mim durante
metia medo, afinal acabo sempre no correio da manhã
a chatear uma miúda, porque fecha tudo cedo
só para aborrecer
aproveito o chão e deixo-me adormecer
ninguém pode falar comigo até me poder cruzar com eles
Tenho poucos amigos e acho que quero acabar com menos
Cada vez que abrir a boca peço desculpa, discussões malucas
Até nós tivemos muitas, agora sou só eu
E a minha cabeça dura...
Se chorar pelo que aconteceu de certeza que fura
Esta noite é nossa numa estrada a oferecer boleias
Somos mesmo a tua cara por isso pode ser que venhas
Vá lá, não te cales e não te deixes de ideias
Sou um peixe fora de água, rio sem maneiras
Tu és o quê? o que é que fazes para me meteres nojo o resto do tempo?
O acaso acontece às vezes, não é por isso que hoje nos vemos
Porque eu detesto isto, para mim é um teste
Ninguém me parece feliz, e vocês não são o meu reflexo
Toda a gente aqui tem histórias para contar
Mas quando houver estabilidade
A memória tem de durar...
O fruto da tua luta um dia vou trocar por ar
Deixa a lua de segunda vir e eu ser dos únicos por cá na festa
A socializar, prevejo chuva, e pode secar
Até vir alguém com vida própria e me torne obcecado
Paranóico, já sei o que é a noite!
Ir a pé para casa dói, no quarto cabem dois
Mas eu não tou para sonhos nem há sono no meu corpo
Já estou cansado de me sentir culpado deste encontro ficar para depois
Finalmente estou aqui antes de viver num dos pólos
Sentem pena para quê? Não deixo de ser um dos vossos
Até não haver energia tu podes saber onde é que eu estou (ESTOU?!)
Fazer uma escuta no meu telefone...
Não deixo de existir, mesmo se puder fugir tenho uma luz acesa,
Bué colhões para tudo mas não estão onde pus a cabeça
Muito tempo para ser mais trapalhão, demora a entrar toda a informação
A correr às voltas o vento contorna o teu raio de apagão e faz-se luz.
CADELA
Estou cansada de sentir demais
A falta de vontade
Levou-me até ao cais
Onde as manhãs são destrutivas
As noites produtivas
O sexo hipocrisia
E é só por cortesia
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13. |
A Qualquer Hora
03:49
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Tens tudo a provar antes de saberes o teu gosto
Um líder simpático para mim é sonso
Mas diz-me com quem andas, eu não posso dizer nada
Não é falso o ser humano que se adapta
Visita a terrinha e faz o trabalho de casa
A natureza pode estar negra, toda a ajuda é necessária
E os velhos estão a precisar de uma homenagem
Para ouvirem a razão na solidão dos seus conselhos (à margem)
Há margem para duvidas quando a experiência segue
Uma rotina ou uma regra que o fez ficar quieto
O dia acelera, a noite não me deixa viver
Sorte minha ter-me calhado um desejo bem exigente (qual é?)
Assumo a responsabilidade do caos que faço
E só mudava quando perco algo que custa a ganhar
De resto, penso para mim: vivo tão tranquilo
que demorou bastante tempo até ficar convencido
sentir um alívio de ter um objectivo quando me dou por vencido
A qualquer hora posso ter vergonha alheia
Ou de mim próprio: para o Uno bate da mesma maneira
Sem amor antes de nascer rimava sem alma
Por isso em todos os concertos só oiço duas palmas (pai e mãe)
Agora reparo que só luto para sobreviver
e é assim que vivo, sem sequer questionar isso
E tens a prova de como estou a descansar
Por saber que a qualquer hora posso mudar a intensidade
Levo almofada no embate, algo que me mantenha embriagado
Um diálogo registado de cada pessoa que já me doeu amar
O impacto nunca foi assim tão grande
Dei sempre suor e lágrimas mas nunca dei sangue
E no entanto também acho que a vida custa
Se te mantiveres em paz sem preguiça nenhuma
Trabalha porque nunca vai chegar a altura
E larga o ego porque aqui é válido teres alguma ajuda
"Um dia de noite
Numa rua escura algures na cidade
Encontrei-me a sós comigo na solidão
E foi então que me senti assaltado pelo desejo veemente
de amar perdidamente algo que fosse alguém
Não importa quem
Uma virgem santa, pura,
Raio de sol naquela noite escura"
Tu desesperas com medo de falhar no palpite
Só te atreves se ninguém tiver a contar contigo
A dor de ser sincero foi o meu curativo
A qualquer hora mostro a quem mo permite
"Ou uma prostituta já sem nada de seu
Mas eu queria amar...
amar perdidamente alguém que me levasse ao céu..."
(voz de Mário Viegas, poema de um recluso anónimo)
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14. |
Sai-me do Sonho
01:50
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Sai-me do sonho o som e o pior é o amor que dou
Até vou receber algum troco mas não dá para ir muito longe
Amor não chega para viajar, sozinho também não ganho pica
Mesmo se arranjar mais guita, há um limite inatingível
Sai-me do sonho, cá fora é impossível
Ainda estou a crescer
Nem toda a semente é bem-vinda como sempre
Não. Isso eram antigos tempos
A ciência e a medicina dão-nos o cuidado que já não temos.
E quando tudo se tornar num combate fecha os olhos
Tapa os ouvidos, nunca mais toques em nada disto
A verdade dói, mas antes foge e tu tens de fingir
Que não estás interessado nela, para que ela se aproxime
No fundo nunca é aos teus pais que perguntas se podes ir ali
Sair com os teus amigos , quando te deixarem vais ter um motivo
Para te preocupares contigo, fica feliz de não estares sozinho
Mas se isso é verdade, não sei, nem o tempo o dirá no fim
O que é que vais perseguir quando te sentires com a mania que estás a ser persguido por alguém que te mira com a mesma visão?
Tu entendes porque é que não me ponho a conversar demais
Isto sai-me do sonho quando o sonho não sai.
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15. |
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Pabra:
Filhos do Ocidente
Fujam da guerra e entrem neste ventre
No barco
Cheguem à minha terra e façam um parto
Tragam até à Tradição antiga que será a nova geração
Os filhos que terão de ter cuidado com a perdição:
Não sigam os nossos trilhos que foram trilhados com maldado
Se não
Serás castigado por nunca vires a conhecer a verdade
Serás um aleijado
Vais ajudar alguém a fracassar
Serás um fracassado
Um fraco
Antes da última hora
Nunca fiques cansado
Se não serás adorado pelo diabo
Ficarás solitário e isolado
A ler e a escutar o velho recitado
Nunca mais encontrarás mas facilmente serás encontrado
Espíritos negativos
Activos
Comigo em ambientes cativos
Espíritos negativos!
Babba:
E o meu corpo oxida
E eu sou o maior responsável porque eu respiro e digo: "eu sou o maior suicída"
Atmosfera maldita
Caga bem para o que sabes, a sociedade já te hipnotiza
Ninguém nasceu cá para ficar
E se dizem o contrário é porque não sabem o que é que se passa do outro lado do aquário
Tudo é precário
Caga no que pensas, isso é merda
Quando eu morrer eu não quero um funeral
Eu quero um festival
Um ritual astral
Um sinal local
Ama-me e se me odiares não faz mal
Caminhamos juntos até ao portal final
Eu vivi a minha vida a caminho da luz
Entre a matéria, a sombra e a cruz
Sobrepus o capuz à cabeça, cabeça à existência
No lugar onde eu penso
Que tem oferendas e ofensas a mim mesmo
No berço
Antes que morresse
Antes da chegada do frio
Antes de achar o vazo vazio
Antes do homem da barca decidir partir para o grande rio
Ciclo é meu. Fechado pelo auto-proclamado: Baba Sapo!
Longa vida ao seu reinado!
Tilt:
Caminho quando estou deitado tipo que é projecção astral
E penetro as entranhas das montanhas do Nepal
A vida nada vale se não caminhar no vale anímico
Pressão mais animal é como epidural para o espírito
Não sei do que falo. "Ele é tão estúpido como é crítico
É tão lúdico quando é cínico" (yaya)
-Normal, pacífico.
Buraco onde tu te aninhas e ninguém reza, é pressure.
Só Zézé Camarinhas: aqui peleja, é pleasure.
Não te mancas? Vim da construção feita pela vibração de mantras
para acabar na posição do esqueleto de Beja
Ódio e inveja misturados na água benta
Até o papa tenta vir agarrado à placenta
Se é assim que benzes podes tentar vinte vezes
Mães saltam de mesas, chocam fetos de cinco meses.
Filhos do ocidente que têm filhos por acidente
Eis o karma, momento mais silente até alarma.
Atravesso o deserto sem mantimentos ou qualquer arma,
Sem canhões ou angala.
Sa foda o teu cimo tipo quando eu rimo, aproximo-me aos portões de Shambala
Verdadeiro padrão é Mandala
Vi com os meus próprios olhos, de olhos fechados sentado na sala
Ouvi a voz que fala quando a mente se cala
Silêncio é discurso ignorado pela gente de pala
Também nasci entre o som estridente
Bala numa diferente vala
Mas se amor é dirigente isso é lhe indiferente,
Halla
Uno:
Oriento-me de Dharma
Com o reflexo parado e eu cansado no cimento
e na tomada de poder
Sou um guerreiro que só reage
E hoje vai ter de ser
Então meditar para quê?
O chão tem almofada
No caminho de mão vazia antes de estar aqui calmo a fumá-la
E a rastejar quando faço bosta
Chamam meditação
Na vossa terra sinto essa infiltração
Se me acalmo fanam-me, se me passo olham
Quando eu me puder distraír sem ser bode espiatório, bora
Venham
Não tou farto de ninguém
Tou orientado para o treino
Todos por um, ou um e meio
A imperfeição é o quê? Separaste-te porque convém
Então se estás na tuga, vem
Fazemos o negócio aqui
Inventamos o curativo para a espécie que infectaste
Com medo dos segredos de toda a gente
A apostar o teu filho quando o trabalho tira-te tempo
Este lugar para mim é passageiro, está lotado
Parto no barco, e o barco parte
Sa foda toda a gente
Que se afogue toda a gente
Esta foda é tântrica, não há de gerar semente
O ocidente desveda
Inovar é tradição se a tradição deu em merda
E isso é traição
Filho único infértil e nunca lhe faltou paixão
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